Investir em startups pode gerar retornos financeiros impressionantes para os investidores.

Quando você investe cedo na história de uma startup, na rodada seed, você pode atingir grandes ganhos de capital no longo prazo, caso a empresa consiga atingir suas metas e se desenvolver em uma grande empresa.

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Valuations na rodada seed no Brasil em 2016 ficaram geralmente na faixa de R$1 milhão – R$5 milhões, dependendo muito da escalabilidade do negócio e sua tração atual. Enquanto as saídas, quando startups conseguem crescer e são adquiridas por concorrentes maiores, tendem a ter valores muito mais elevados.

Um exemplo é o famoso caso da cervejaria startup brasileira Devassa, comprada pela Schincariol em 2011. O valor da compra foi de R$30 milhões, equivalente a aproximadamente R$50 milhões em valores atuais, ajustado pela inflação.

Estimamos que os investidores iniciais da Devassa entraram em um valuation de aproximadamente R$1,5 milhão (R$2,2 milhões em valores atuais). Com isso, podemos deduzir que os investidores iniciais da Devassa provavelmente realizaram um retorno de aproximadamente 20x o valor investido num prazo de aproximadamente 5 anos, equivalente à uma a taxa anual de rentabilidade de 80%. Essas informações não são públicas, logo esses números são somente estimativas.

De qualquer maneira, sabemos que os retornos nesse investimento são impressionantes. Ainda há mais na história do ponto de vista do investidor. O fato é que nem o investidor com mais experiência e conhecimento vai selecionar somente startups que se tornarão os grandes casos de sucesso. Sim, ele consegue identificar negócios e equipes de grande potencial, com os ingredientes certos para o sucesso, mas o mundo real é mais difícil do que isso.

Nesse post, foco na mentalidade da construção de uma carteira de investimentos em startups, e por que diversificação é simplesmente a estratégia padrão dos melhores investidores anjos e venture capital do planeta.

Ao investir em startups, para alcançar grandes retornos você deve abraçar perdas

Ninguém gosta de perder dinheiro nos seus investimentos. Por isso que o subtítulo acima parece algo contra-intuitivo. Porém, reconhecer perdas em relação aos seus investimentos individuais em startups é parte fundamental da estratégia.

Digo mais: se você for realizar retornos em todos os seus investimentos individuais em startups, é altamente provável que você não investiu no perfil de empresa certo que realmente lhe proporcionará grandes ganhos de capital disponíveis por meio de investimento nesses ativos. Ou seja, é provável que o perfil das empresas investidas é conservador demais para atingir o nível de crescimento necessário para justificar seu investimento.

Ao investir em startups, o investidor está procurando empresas escaláveis com grande potencial de crescimento. Por natureza, esses investimentos são arriscados. Com o objetivo de atingir um elevado nível de crescimento, a startup terá que seguir um caminho de crescimento agressivo com um alto nível de incerteza.

Um exemplo seria um modelo de marketplace que decidiu não cobrar dos seus clientes iniciais para tentar atingir um crescimento inicial acelerado e assim assumir uma forte posição no mercado. Nesse caso a empresa abre mão de um faturamento maior, que seria garantido hoje, para ter a possibilidade de implementar um modelo de receita muito mais lucrativo no futuro, sem garantias.

O que importa no final das contas é o retorno total atingido no seu portfólio de investimentos em startups. Investidores experientes tem uma meta estabelecida previamente para a taxa de sucesso das empresas no seu portfólio que deveriam conseguir retornos positivos. Para um investidor seed, essa meta é tipicamente 2-3 sucessos para cada 10 empresas investidas (20-30% de taxa de sucesso). É uma outra realidade em comparação com os investimentos tradicionais de renda variável do Brasil e é importante mudar a mentalidade em relação a estratégia de investimento em startups.

Como definir metas de retorno no seu portfólio ao investir em startups

Primeiramente, vamos imaginar um investidor que investe exclusivamente em fundos DI. Também denominados Fundos de Renda Fixa Referenciados DI, os Fundos DI são fundos que aplicam no mínimo 95% do patrimônio nos títulos públicos do Tesouro Direto (atrelados ao CDI ou Selic) ou em títulos privados de baixo risco. O retorno esperado do investidor é simples de calcular. Todos os fundos bem qualificados rendem entre 97% e 102% do CDI. Assim, a expectativa do mercado para 2017 é de aproximadamente 12% ao ano.

Já com um investidor que investe em fundos de renda variável, o cálculo fica mais complexo. Primeiramente, pelo fato que existe a possibilidade de que alguns fundos possam atingir retornos negativos. E segundo, pelo fato que existe um nível de incerteza muito maior sobre os retornos de cada fundo. Depende muito da política de investimento de cada fundo, mas é razoável dizer que um investidor pode ter a expectativa de realizar um retorno anual entre -30% (uma perda significativa) e +30% (um ganho significativo).

Claro que existe possibilidades além dessas faixas, matematicamente os retornos possíveis ficam entre -100% (uma perda completa) e + infinito, mas essas são possibilidades muito mais remotas. Na prática, o investidor em fundos de renda variável, pensando sobre seu portfólio de investimentos como um só, geralmente terá a meta de atingir retornos de aproximadamente 25% ao ano no Brasil.

Alguns fundos visam retornos menores de 20% e outros maiores de 30% ou mais. Em termos muito simples, o retorno alvo do portfólio é aproximadamente o dobro do investidor CDI descrito acima, dado o grau de incerteza maior do investidor em atingir esses retornos.

Por fim, o cálculo para o investidor em startups é mais diferente ainda. Digamos que um investidor investe valores iguais em 10 empresas startups e que a estratégia do seu portfólio é realizar no prazo de 5 anos:

  • 3 casos de sucesso com saídas nos valores de 10x, 20x e 30x o valor investido, respectivamente;
  • 2 casos de quase break-even em que ele consegue recuperar parte do valor investido por meio da venda da sua participação ou dividendos futuros;
  • 5 casos de perda completa em que ele perde o valor total investido.

Se os investimentos desse investidor atingirem suas metas, ele receberia um total de aproximadamente 6.2x o valor total investido, equivalente a um retorno anual de 44%. De novo, os retornos alvos são muito maiores do que os do investidor em fundos de renda variável, dado o grau de incerteza ainda maior do investidor em atingir esses retornos.

Conclusão: ao investir em startups, o sucesso acontece exclusivamente na avaliação do seu portfólio

O que esse exemplo mostra, é que o sucesso de uma estratégia de investimento acontece exclusivamente na avaliação do seu portfólio. Ao investir em startups, você pode perder todo ou parte do valor investido em relação a 70% dos seus investimentos individuais. Considerado individualmente, isso parece um resultado desastroso. Mas considerando o portfólio com um todo, essa estratégia de diversificação, junto com a boa seleção de empresas investidas, gerou retornos impressionantes.

É muito importante destacar que obviamente a seleção das empresas investidas é de grande importância nos retornos de investimento em startups. Uma seleção aleatória de startups teria muito pouca chance de atingir grandes retornos.

Abordarei mais o papel fundamental do processo de seleção e triagem das startups pela EqSeed e na seleção final de você como investidor nos próximos posts. Também é importante destacar a importância de ter o direito de preferência como um investidor para que você possa, se quiser, participar das rodadas futuras dos seus investimentos mais bem-sucedidos.

Mas o que quero destacar nesse post é que a única maneira sensata de investir em startups é aplicar uma parte pequena do seu patrimônio para construir um portfólio diversificado de vários investimentos individuais em startups.

Não existe investidor que acerta sempre os próximos casos de sucesso nesse mercado. Por isso, ao investir em startups, é muito importante mudar sua mentalidade, abraçar a possibilidade de perdas nos seus investimentos individuais e manter seus olhos fixos nos retornos de longo prazo do seu portfólio de investimento em startups.

Sugiro que em vez de pensar, “Quero investir em uma startup”, você deve começar a pensar, “Quero construir meu próprio portfólio de startups”. Esse portfólio deverá ser uma parte do seu patrimônio total, ou seja, será uma diversificação do seu portfólio total de investimentos.

Disclaimer: Todos os números e exemplos nesse post são hipotéticos e utilizados para mostrar como funciona a estratégia de diversificação de investimentos em startups. Como qualquer investimento de risco, não há qualquer garantia de retorno nos investimentos efetuados em startups. Esse blog procura ser informativo, e não consta aconselhamento sobre investimentos em qualquer forma.

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