Cada vez mais, o marketplace online se torna o modelo de negócios preferido de investidores anjo, e de empreendedores e empreendedoras. Nesse post, falaremos um pouco sobre alguns exemplos de marketplaces de sucesso.

Uber, AirBnB, Amazon, NetShoes – todos são sucessos enormes e todos são marketplaces.

O que é um Marketplace?

Já temos um post aqui sobre esse assunto, contudo, para falar sobre os marketplaces de sucesso, é importante retomar o que é este modelo de negócio. 

Um marketplace online é um “lugar de encontro”, uma plataforma, onde pessoas compradoras e vendedoras se reúnem para comprar e vender produtos. A plataforma oferece serviços de transação, de curadoria, organização e outras ferramentas valiosas para atrair oportunidades dos dois lados e para facilitar a transação. 

O Uber, por exemplo, faz uma curadoria e um treinamento de motoristas que tem seu próprio carro e os (as) conecta com clientes em busca de transporte. Já o Airbnb permite que pessoas proprietárias de imóveis aluguem seus espaços para viajantes que estão em busca de uma experiência de hospedagem diferenciada.

O marketplace é a ponte entre os dois lados de uma transação e, geralmente, ganha uma porcentagem sobre as vendas feitas na plataforma. Para aumentar o número de transações, os custos para um marketplace online são muito menores do que para um modelo de negócio tradicional. Isto é, com esse modelo de negócio, é possível que a plataforma aumente sua receita de uma forma exponencial sem o aumento considerável dos custos.

Para aumentar sua frota, a Uber não precisa contratar mais centenas de motoristas em cada cidade e comprar mais centenas de carros. Para aumentar os espaços disponíveis para alugar, a Airbnb não tem que construir um novo prédio em cada cidade. O MercadoLivre não tem que manter um estoque para cobrir possíveis vendas, pois são os vendedores e vendedoras individuais que tomam conta da produção.

Leia também: Marketplace: o que é e por que investir?

É por isso que o modelo de marketplace online é tão interessante, especialmente para pessoas investidoras. Um marketplace online é escalável. Isto é, com relativamente pouco dinheiro investido, ele consegue aumentar suas operações e clientes de uma forma acelerada e exponencial, que pode resultar em retornos extremamente interessantes para seus investidores e investidoras – especialmente aqueles que entraram cedo no negócio.

Hoje, vamos falar sobre 10 exemplos de marketplaces de sucesso, de diversos segmentos e mercados, que estão conquistando espaço e gerando (muita) receita. Acompanhe.

1. Americanas

À primeira vista, pode parecer que a loja online da Americanas não é um marketplace. Mas uma rápida pesquisa pelo site mostra que, na verdade, você não compra apenas das Lojas Americanas, mas sim de diversos fornecedores.

A Americanas reúne os melhores preços em um só lugar, e ganha uma comissão por cada venda realizada (geralmente, algo em torno de 20%). Além disso, ela também tem os seus próprios produtos e utiliza vendedores terceirizados para aumentar o seu estoque, sem realmente ter que contratar novos. Em 2016, a receita da empresa teve uma alta de 7,7%, fechando o ano em R$ 6,26 bilhões e com um valor de mercado de mais de 20 bilhões de reais. 

Já no terceiro trimestre de 2022, a receita líquida da Americanas foi de R$ 5,435 bilhões, com uma queda de 13,4% em relação ao mesmo período de 2021, segundo a InfoMoney. Mesmo com a crise financeira enfrentada pela empresa, ela se manteve no mercado com o passar dos anos. É um ótimo exemplo de marketplace de sucesso brasileiro.

2. Uber (Uber Technologies, Inc.)

O Uber mudou a maneira como as pessoas se locomovem. A empresa foi fundada em 2009 e hoje, após apenas 8 anos, vale mais de 60 bilhões de dólares, e está presente em mais de 570 cidades no mundo inteiro. São números difíceis de imaginar e é o modelo de marketplace que permite esse crescimento.

O Uber realmente é um excelente exemplo de como um marketplace de sucesso pode ser escalado. Ela oferece motoristas disponíveis para passageiros que necessitam de uma corrida. Até 2015, foram completadas 1 bilhão de corridas e em 2017 foram 5 bilhões. Em 2018 esse número aumentou para 10 bilhões e em 2023, o Uber já ultrapassou a marca de 42 bilhões de viagens.

Atualmente, são 137 milhões de pessoas usuárias no mundo, distribuídas em 70 países. Destas, 30 milhões são do Brasil, segundo dados da Uber Investor.  

A primeira rodada externa de investimentos da Uber em 2010 foi de US$ 1,25 milhões e veio um ano depois de um investimento de seed money de US$ 200.000 dos fundadores. Nesse momento da rodada anjo, o valuation do foi de US$ 5,25 milhões (TechCrunch). Trata-se de uma grande soma, mas as pessoas investidoras, atualmente, não poupariam esforços para ter tido a oportunidade de investir em 2010, pois a última rodada de investimento equity do Uber aconteceu em junho de 2016 no qual o valor da empresa foi calculado em R$62,5 bilhões.

Pare um momento para refletir nesses números.

De US$ 5.250.000 para US$ 62.500.000.000.

A empresa valorizou 11.905x em apenas 8 anos.

E é através do modelo de marketplace que uma empresa consegue atingir esse ritmo e escala de crescimento.

Imagine só como estão as primeiras pessoas que investiram no Uber.

3. Netshoes

A Netshoes é a menina dos olhos do mercado brasileiro de marketplaces e startups. Ela realizou um IPO na bolsa de NY recentemente, captando US$ 138,9 milhões. A empresa começou como uma sapataria no centro de São Paulo e hoje é a holding das marcas Netshoes (artigos esportivos) e Zattini (loja de moda).

No documento enviado para a Securities and Exchange Commission, regulador do mercado de capitais dos EUA, a Netshoes mostrou que encerrou 2016 com 5,6 milhões de clientes ativos, com um total de vendas líquidas de R$1,7 bilhão através de 10.3 milhões de pedidos, ao final do mesmo ano.

A abertura de capital realizada na bolsa de Nova York é um marco para as startups brasileiras. Mas, mais que isso: é o sonho de todo investidor-anjo. Foram eles que acreditaram na empresa logo no começo e, quando ela foi listada na bolsa, eles conseguiram vender suas participações em uma empresa com valuation total US$ 556.000.000.

Imagine o lucro dos investidores e investidoras que investiram na Netshoes na rodada seed ou rodada anjo – e o tamanho de sua satisfação atualmente.

4. Airbnb

O Airbnb é a segunda maior empresa privada norte-americana (atrás apenas do Uber) e continua crescendo de forma acelerada. Em sua rodada de Março de 2017, a empresa levantou mais US$ 1 bilhão em investimentos.

Em 2020, aconteceu a estreia do Airbnb na Nasdaq. Pela cotação da época, a empresa atingiu um valor de mercado de US$ 101,6 bilhões, incluindo títulos, opções e ações restritas, segundo o Estadão.

O valor está bem acima do que os US$ 18 bilhões de avaliação que a empresa recebeu em uma rodada de investimentos no mês de abril do mesmo ano.

Curiosamente, essa é mais uma das empresas com histórias de rejeição de investidores em seus estágios iniciais. Em um post no seu perfil no Médium, o co-fundador e CEO, Brian Chesky, compartilhou 7 rejeições que o Airbnb recebeu em 2008.

Atualmente, esse mercado comunitário de acomodações é um dos candidatos a um futuro IPO, principalmente por ser uma startup extremamente rentável. Ela está presente em mais de 190 países, com mais de 3 milhões de acomodações disponíveis e 150 milhões de hóspedes, além de ser um dos chamados “unicórnios”, com valuation superior a US$ 20 milhões.

E esses investidores e investidoras que decidiram passar quando a oportunidade de investir no Airbnb foi apresentada para eles (as)? Como devem estar se sentindo hoje?

5. Buscapé

O Buscapé é considerado por muitas pessoas como a primeira grande startup brasileira. A empresa começou com 4 amigos que não conseguiam encontrar na internet os produtos que procuravam, de forma simples e intuitiva. Essa oportunidade deu início à jornada do Buscapé, um marketplace que conecta lojas a usuários que procuram pelo melhor preço de um produto.

O primeiro investidor, e-Platform, chegou em 99’, mas o primeiro grande investimento aconteceu em 2000, com um aporte de US$ 3 milhões. Ao longo do caminho, a empresa adquiriu seu maior concorrente (Bondfaro.com) e criou campanhas que mudaram a forma como as pessoas procuram por produtos e comparam preços (Compra Consciente e Dá uma Busca).

Em 2009, o conglomerado de mídia sul-africano Naspers Limited adquiriu 91% da empresa, por 342 milhões de dólares. Com 300 milhões de faturamento por ano e mais de 60 milhões de usuários e usuárias realizando buscas mensalmente, a empresa continua crescendo.

A venda de parte da Buscapé culminou com a saída dos fundadores do comando da empresa entre 2009 e 2015, que passaram a ajudar outras startups, aconselhando e criando fundos de investimento.

Mesmo com a saída dos fundadores, a empresa manteve seu DNA, contando com mais de 300 funcionários e funcionárias, e faturamento acima de R$ 300 milhões anuais, segundo dados da StartSe.

6. Etsy

Se você procura por produtos handmade ou vintage, então o Etsy é o lugar certo para você. Esse é um marketplace que permite que qualquer pessoa que fabrica ou possui um produto que se encaixa nessas categorias, venda-os para as pessoas. Um detalhe importante é que, como em todo marketplace de sucesso, a Etsy não precisa manter um estoque (seus vendedores e vendedoras fazem isso).

A plataforma foi lançada em 2005 (direto de um apartamento no Brooklyn) e atraiu a atenção de investidores e investidoras conhecidos, como Sean Meenan, fundos como o Union Square Ventures e também de fundadores do Flickr.

Em 2007, a Etsy já tinha cerca de 450 mil vendedores cadastrados e uma receita anual de 26 milhões de dólares. Naquele mesmo ano, mais US$ 3 milhões em venture funding foram investidos no marketplace. E se você investiu nessa ideia desde o começo, lucrou bastante com o IPO da empresa sob um valuation de US$ 1.8 bilhões.

O IPO aconteceu em 2015, quando a empresa estava gerando cerca de 1.93 bilhões de dólares em total de transações (Gross Merchandise Sales). Nesse ponto, mais de 54 milhões de usuários e usuárias estavam cadastrados na Etsy. Ao final do IPO, o marketplace levantou 237 milhões de dólares em investimentos.

O modelo marketplace oferece várias possibilidades em termos de monetizar, e a Etsy conta com três tipos de faturamento:

– Porcentagem por venda dentro do marketplace (3,5%), mais US$ 0,20 por venda realizada;

– Venda de serviços para os vendedores e vendedoras (anúncios, opções diferenciadas de pagamentos e outros;

– Outras receitas vindas de serviços terceirizados (como serviços de pagamento, por exemplo).

Em 2021, a Etsy (avaliada em US$ 23,5 bilhões na Nasdaq em 2021), adquiriu o Elo7, marketplace brasileiro de itens artesanais, por US$ 217 milhões, segundo dados da StartSe. Isso apenas reforça o crescimento do interesse de empresas globais pelo mercado brasileiro de marketplaces.

7. Amazon

A Amazon conquistou um mercado enorme como um dos primeiros e-commerce disponíveis na internet, e hoje é o maior varejista online do mundo. Mas não se engane  – a Amazon em si não fornece toda essa oferta de produtos. Ela reúne uma grande quantidade de vendedores e vendedoras com quantidades ainda maiores de pessoas compradoras. Por isso, a Amazon é um grande exemplo de marketplace de sucesso internacional.

Tudo começou quando o fundador da empresa, Jeff Bezos, leu um relatório que reportava um crescimento de 2.300% nos negócios realizados na web. Ele fez uma lista com 20 produtos que poderiam ser vendidos online, e acabou escolhendo livros com o seu core product.

Após anos de empresa (e muitos produtos depois), a expansão para o modelo de marketplace foi inevitável. Com o Amazon Marketplace, third-party sellers não só podem vender seus produtos através da Amazon, como têm acesso a toda a base de clientes da empresa.

Se você está se perguntando por que isso é interessante para eles, aqui vai o motivo: a Amazon consegue aumentar o seu estoque disponível sem precisar comprar mais estoque. As vendas realizadas por terceiros já acumulam quase 40% do faturamento total da empresa, que em 2016 foi de US$ 135.98 bilhões.

Já no 2º trimestre de 2023, a Amazon registrou um lucro de US$ 6,7 bilhões. A receita foi de US$ 134,4 bilhões, tendo um crescimento de 11% frente aos R$ 121,2 bilhões registrados em 2022. Deste total, US$ 56,5 bilhões foram em vendas de produtos, enquanto US$ 64,6 bilhões vieram de serviços.

Este cenário mostra que, assim como a Americanas, por exemplo, mesmo com oscilações nos lucros, devido a diversos fatores, a Amazon também se mantém operante no mercado, obtendo lucros significativos. 

Excelente, não é mesmo?

8. Mercado Livre

No Brasil, é quase impossível pesquisar por um produto sem se deparar com o Mercado Livre. Muitos o consideram como “a Amazon da América Latina”. Fundado na Argentina em 1999, ele rapidamente se expandiu para o Brasil, México, e outros países sul-americanos.

Seu fundador, Marcos Galperin, estudou em Stanford e desenvolveu sua ideia ainda como estudante, tendo ajuda de um dos seus professores para conseguir investidores iniciais.

Atualmente, o GMS do ML é de US$ 536.85 milhões, com renda de 136.6 milhões de dólares. A receita do Mercado Livre é gerada majoritariamente pela porcentagem coletada por venda, porém, existem diferentes níveis de anúncios que fornecem ganhos diversos para a empresa. Além disso, o Mercado Pago – plataforma de pagamento da própria empresa – é a ferramenta utilizada em todas as transações.

Segundo dados institucionais do Mercado Livre, a empresa colocou suas ações na Nasdaq em 2007 e, em 2017, se tornou a primeira startup argentina a superar os US$ 10 bilhões em capitalização na bolsa. Esse feito, colocou o ML no índice NASDAQ 100 — a lista das empresas mais valiosas da bolsa de valores de tecnologia. Atualmente, a empresa vale cerca de US$ 15 bilhões.

9. Enjoei

Apelidado por algumas pessoas de “Mercado Livre da nova geração”, o Enjoei começou com uma “limpa de armário”. Um blog foi criado para facilitar a venda das peças, e três anos depois, o casal (Tiê e Ana Luiza) decidiu se dedicar full-time ao crescimento da plataforma.

O Enjoei é um marketplace que conecta pessoas que desejam vender produtos (na sua maioria usados) com possíveis compradores e compradoras. Grande parte dessas pessoas,  procuravam inicialmente por roupas e outros artigos de moda. Atualmente, os produtos são extremamente variados e também incluem artigos de decoração e outros.

Com um fee (uma participação) de 12% a 50% sobre cada venda, o faturamento de 2014 foi de R$ 30 milhões, logo após receber o primeiro aporte. Os fundos Monashee Capital e BVP investiram R$ 28 milhões na empresa, que continuou crescendo. Em janeiro de 2016, o Enjoei contou com R$ 20 milhões injetados novamente pela Monashee, junto com Bessemer Venture Partners e investidores anjo.

Até 2016, o Enjoei já havia recebido 46.8 milhões de reais em investimento e a expectativa era de que 2017 fosse o primeiro ano de lucro líquido para o negócio. Atualmente, o Enjoei conecta 1,5 milhão de pessoas compradoras com 1,9 milhão de pessoas que vendem através da plataforma.

10. OLX

A OLX é um marketplace de sucesso único, em vários sentidos.

Para começar, ela foi lançada primeira na Índia, mesmo sendo concebida nos Estados Unidos. O objetivo dos fundadores era muito simples: criar uma alternativa à Craigslist fora dos EUA.

Ele funciona como um showcase de produtos para possíveis compradores e compradoras. Em 2021, a OLX implementou o pagamento através da plataforma, tornando as transações muito mais rápidas. Agora, ao realizar o pagamento pela OLX, ela protege o dinheiro de quem comprou o produto até que a pessoa confirme o recebimento. A receita da OLX é gerada de duas formas:

  • Como plataforma de anúncios para empresas (via Google AdSense);
  • Vendendo premium ads para os vendedores e vendedoras destacarem seus produtos.

Em 2015, a OLX se juntou ao seu principal concorrente no Brasil, BomNegócio.com, e se tornou o maior site de classificados do país. Curiosamente, ela também está presente em países como Cazaquistão, Ucrânia, Romênia, Hungria e Bielorrússia.

Em 2010, o fundo Naspers adquiriu a majoritariedade da OLX em 2010, e 95% da empresa em 2014. Anteriormente, OLX captou um total de 30 milhões de dólares com diversos fundos. Até o final de 2019, a operação brasileira da OLX, sozinha, valia entre 1,5 e 2 bilhões de dólares.

Conclusão

Marketplaces de sucesso no mercado não faltam. A escalabilidade embutida no modelo de marketplace online faz com que ele seja muito procurado, tanto pelas pessoas que querem empreender, como pelas que querem investir. Seja na modalidade de investidores-anjo ou outras, as pessoas querem participação no crescimento acelerado e lucros potencialmente muito altos.

É interessante como diferentes mercados têm espaço para o modelo de marketplace, e como diversas demandas dos clientes podem ser supridas com um mesmo formato de negócio. O modelo de marketplace já perturba vários mercados mais tradicionais no mundo inteiro e a tendência é que isso aconteça cada vez mais. Com mais marketplaces online surgindo, sempre há uma oportunidade para reunir oferta com demanda através da tecnologia.

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