O coronavírus fez com que healthtechs, startups da área da saúde, desenvolvessem produtos e serviços. Quais são essas empresas e como elas estão ajudando a combater a pandemia? Veja agora!

Nove dias antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) emitir um alerta sobre a epidemia do coronavírus da China, no dia 8 de janeiro, uma startup de inteligência artificial no Canadá detectou a doença. 

E mais: gerou um relatório apontando que o vírus iria avançar além das fronteiras chinesas. Destino? Seul, Taipei e Tóquio.

Dito e feito. Não demorou nem uma semana para a previsão se concretizar.

Não se trata nem de chute, nem de sorte. A startup em questão é BlueDot, uma empresa criada pelo médico infectologista Kamran Khan, que sentiu na pele o que é uma epidemia, em 2003, quando atuou nos hospitais chineses para deter a SARS –  vírus similar ao coronavírus.

Mas como uma startup é capaz disso?

Primeiro de tudo é preciso dizer que há tecnologia no processo. 

A startup canadense utiliza um algoritmo de inteligência artificial (IA) para monitorar informações relevantes. O sistema é abastecido com notícias, relatórios e até dados de passagens aéreas emitidas pelo mundo.

E assim consegue detectar desvios de padrões de doenças e, principalmente, qual é o tamanho do risco de algo sério se espalhar. 

A BlueDot de certa forma anteviu um possível surto, mas, à medida que o coronavírus se espalhou, a empresa deu lugar a startups que escolheram encarar de frente a pandemia.

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Testes gratuitos de detecção de coronavírus

Na corrida contra o tempo para frear o vírus, algumas startups escolheram o caminho solidário de ajudar o grupo de risco.

Esse é o caso da startup Labi Exames, laboratório de análises clínicas, vai oferecer gratuitamente, até o fim de março, dez testes diários de detecção do novo coronavírus em domicílio. A iniciativa tem como objetivo ajudar idosos acima dos 80 anos, residentes de São Paulo, que apresentam algum dos sintomas da doença.

A ideia da startup é de oferecer aos idosos, considerados o público mais vulnerável à ameaça do coronavírus, a oportunidade de serem diagnosticados sem a necessidade de ficar em filas de espera ou em salas de atendimento de hospitais, locais em que podem estar expostos à Covid-19.

O exame  é realizado em domicílio e os resultados poderão ser visualizados no site do próprio laboratório em até quatro dias.

Caso o teste seja positivo, o médico responsável pelo laboratório entrará em contato com o paciente para orientar sobre onde procurar ajuda e quais as informações sobre o isolamento ao qual esse idoso deve se submeter.

Diagnóstico de coronavírus em 10 minutos

Há também o caso de startups que escolheram o caminho de buscarem o diagnóstico de coronavírus o mais breve possível.

Esse é o caso da startup brasileira Hi Technologies (Hilab), que desenvolveu um teste rápido para o novo coronavírus. O resultado, segundo a empresa, sai em cerca de 10 minutos e em breve estará disponível em farmácias de todo o país. 

O teste é realizado através dispositivo da startup, o Hilab, que possui registro na ANVISA, e que desde 2017 está presente em redes farmacêuticas para exames sanguíneos.

Segundo a Hi Technologies, a realização de qualquer exame através do Hilab é pouco invasiva, bastando apenas um furo na ponta do dedo do paciente, feita por algum profissional da saúde. Em seguida, a amostra é colocada dentro de uma pequena cápsula em contato com reagentes. Depois, tudo vai para dentro do dispositivo. 

É dentro do Hilab que a tecnologia começa a agir.

O aparelho cria uma versão digital da amostra e a envia, com uso de internet, para um laboratório físico em Curitiba, no Paraná. Lá, uma equipe de biomédicos conta com o auxílio de algoritmos de inteligência artificial para entregar o laudo dos exames, em cerca de 10 minutos, para o cliente via SMS ou por e-mail.

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Sistema imunológico suscetível? Essa startups tem a resposta

Há, no entanto, pacientes que desejam saber o quanto o sistema imunológico é suscetível ao novo coronavírus. Para esses casos, a startup FullDNA  desenvolveu um método capaz de identificar o índice de suscetibilidade genética de cada pessoa à algumas doenças.

Desde o ano passado, a FullDNA já estava desenvolvendo um algoritmo para analisar o risco de contaminação de alguns tipos de vírus. Doenças como SARS (síndrome respiratória aguda grave) e Influenza foram analisadas. 

Até que surgiu o coronavírus.

Para não perder o timing, a empresa designou uma equipe para desenvolver um algoritmo específico: um sistema que faz a leitura de dados genéticos e indica a suscetibilidade da pessoa ao coronavírus.

O teste pode ser realizado de duas maneiras: coletando o DNA da pessoa que deseja receber a análise ou utilizando os dados genéticos existentes, caso ela já tenha realizado algum exame genético ou genealógico.

Para aqueles que necessitam colher os seus dados genéticos, o resultado sai em quatro semanas.

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Startup no auxílio do primeiro atendimento médico

Para tentar auxiliar o sistema de saúde e acalmar a população, a startup brasileira VidaClass lançou um serviço específico: uma consulta médica virtual. Por R$ 30, é possível se consultar com um médico ou enfermeiro de plantão para ter uma primeira avaliação de sintomas.

Neste primeiro momento, catorze profissionais de saúde estão de plantão para atender a demanda. Caso a procura seja grande, há a possibilidade de contratação de mais 2.400 médicos que estão na base da empresa parceira de telemedicina, a IMED, que oferece o serviço.

Os atendimentos poderão ser feitos 24 horas por dia todos os dias da semana. Para contratar o serviço, basta entrar no site ou baixar o aplicativo da VidaClass. Após um breve cadastro e pagamento da consulta, já pode ser realizado o atendimento médico.

Os profissionais que trabalham para a plataforma, seguem os protocolos definidos pela OMS para a doença. Caso o paciente apresente sintomas não relacionados ao coronavírus, o profissional indicará qual o melhor caminho para tratamento.

 

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Termômetros inteligentes para prevenção

A startup Kinsa de São Francisco vende termômetros inteligentes que funcionam com um aplicativo para ajudar as pessoas a decidir quando procurar um médico. 

Com cerca de 1 milhão de famílias e mais de 1.000 escolas usando equipamento Kinsa, esses termômetros fornecem pistas sobre a propagação da gripes sazonais nos EUA.

Criada em 2012, a empresa trabalhar para desenvolver um sistema que possa prever surtos de gripe, como é o caso do cenário atual, em áreas locais com até três meses de antecedência. Para isso, claro, é necessário que pacientes estejam usando seus termômetros. 

A ideia é conectar a base de dados da startups com sistemas de monitoramento público e privado e saúde para agir o mais rápido possível ao ser reportada uma alteração significativa no comportamento.

Como vimos, em um momento de incertezas, foram as startups da área da saúde que rapidamente buscaram inovações.

A corrida contra o vírus continua, e, certamente, as startups terão um papel decisivo na superação da pandemia.

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