Algumas pessoas conhecem os drones como uma ideia para um futuro distante, algo que parece saído de ficções científicas. Outros já sabem que esses equipamentos estão presentes há algum tempo em certas áreas, como audiovisual ou logística. Agora, está tecnologia está se tornando essencial no setor de inspeções. Seja inspecionando torres de energia elétrica ou antenas gigantescas da área de telefonia.

Os drones podem oferecer soluções para infraestrutura nas mais diversas indústrias. Qualquer ofício que exige inspeções visuais (em alguns casos, até mesmo térmicas) encontra nos drones uma possibilidade de economia, segurança e assertividade. Da criação dos hardwares e softwares até a prestação de serviços em si, há um mercado bilionário em desenvolvimento. 

Isso não é uma hipótese e sim uma realidade: de acordo com o instituto MarketsandMarkets, a projeção é que, de 2021 até 2030, o valor do mercado de inspeção e monitoramento por drone salte de US$ 9,1 bilhões para US$ 33,6 bilhões. Isso corresponde a uma taxa de crescimento anual de 15,7% ao redor do mundo.

De forma mais ampla, o mercado de drones deve atingir US$ 41,3 bilhões em 2026, segundo relatório da Drone Industry Insights. A análise desses dois levantamentos indica que o uso dos drones em inspeções representa uma importante fatia do mercado geral, o que é comprovado no relatório em duas instâncias. A primeira porque a área de inspeções é citada como a segunda maior na lista de usos para os equipamentos, atrás apenas do uso em cartografia e topografia, e na frente do uso por vídeo e fotografia. A segunda porque a indústria com mais interesse nos drones é a de energia, que também é a principal indústria a passar por um intenso processo de reconfiguração através do uso dos drones para inspeção.

Drones estão se tornando essenciais no setor de energia

Toda fonte de energia requer acompanhamento e manutenção constantes. Por isso, a inspeção é essencial para manter tudo funcionando, seja na energia eólica, solar ou fóssil. Os drones apoiam todos esses setores, bem como os demais meios de transmissão e distribuição de energia pelo País.

As razões por trás do sucesso são eficiência, economia e segurança. Toda inspeção de infraestrutura — na indústria de energia ou em outras — sempre trouxe altos custos e riscos diversos. Lugares altos e remotos, por exemplo, permitiam o acesso apenas com aeronaves e helicópteros, e mesmo profissionais muito bem treinados corriam riscos de vida. É o caso das linhas de transmissão de energia elétrica, que atravessam milhares de quilômetros nas mais variadas regiões. Também há situações e equipamentos em que não é possível se aproximar demais para uma análise mais detalhada, como as hélices de energia eólica, muito perigosas para que um helicóptero pudesse chegar muito perto. Mesmo no solo existem inspeções que trazem todo tipo de gasto, inclusive em tempo; por exemplo, parques de energia solar costumam ser bastante extensos e, normalmente, exigiriam longos trajetos a pé ou por veículos terrestres para a averiguação.

Os drones resolvem todos os transtornos decorrentes dessas operações. O tempo é consideravelmente reduzido, de dias ou semanas para meras horas. O custo também, uma vez que se economiza em transporte e mão de obra e há uma produtividade muito mais assertiva. Por fim, o risco de vida é eliminado, já que os voos são realizados sem piloto e à distância.

Além das vantagens práticas, há ainda as vantagens funcionais. Pela maior possibilidade de aproximação, variedade de ângulos e qualidade de cada drone, é possível recolher resultados em condições ótimas, melhores do que seria possível nas inspeções tradicionais. Os drones próprios para esse propósito possuem câmeras de altíssima capacidade, além de alternativas que servem melhor a uma ou outra indústria. Dois ótimos exemplos são as câmeras térmicas, que permitem a identificação de superaquecimento ou de componentes quebrados na maquinaria; e o mapeamento e recriação em 3D, que traz uma nova visão sobre qualquer tipo de dano ou alteração nos equipamentos.

Essa clareza a partir do uso dos drones faz com que as manutenções, tanto preventivas quanto corretivas, sejam facilitadas. As imagens são mais nítidas e o tempo economizado pode ser utilizado na análise e compreensão de cada situação. Portanto, os riscos de quebras são reduzidos, o que economiza milhares às empresas, que de outra forma teriam de lidar com problemas atingindo a produção e os clientes.

Vale lembrar que, ainda que a indústria da energia seja a principal a utilizar drones para inspeção, todos esses fatores também influenciam outros setores que estão de portas abertas para esse novo tipo de perícia. A Drone Industry Insights também indicou outras indústrias como grandes utilizadores de drones: transporte de cargas, serviços de entregas, logística interna e armazenagem possuem os maiores índices de crescimento anual nesse aspecto. Estamos falando de uma taxa de cerca de 24,3%.

Brasil é líder na América do Sul e crescimento dever ser enorme nos próximos anos

O setor de inspeção vai colaborar de maneira impactante no mercado de drones, que já tem ótimas perspectivas. Ela faz parte da área de serviços, que deve chegar a 79,3% de todo o mercado em 2026, ainda segundo o relatório.

Na América do Sul, o crescimento está bem visível. Na Argentina, as principais empresas de petróleo e gás já adotaram os drones e perceberam uma melhora expressiva na segurança e eficiência das operações.

Contudo, é o Brasil que concentra o maior mercado de drones da região, tendo chegado ao faturamento anual de US$ 373 milhões no ano passado. A previsão é que o país continue na liderança, com uma taxa média de crescimento anual de 11,3% entre 2021 e 2026 — porcentagem que supera as taxas previstas para os maiores mercados mundiais, da China (9,7%) e dos Estados Unidos (6,8%).

Os dados demonstram um potencial importante para os drones globalmente, mais ainda no setor de inspeções. Indo além dos números, as vantagens são tão relevantes quanto; afinal, eles comprovam o sucesso e beneficiam as indústrias de formas bem expressivas. É apenas uma questão de tempo para que mais empresas sigam pelo mesmo caminho e que as inspeções via drones se tornem padronizadas.