Investir em startups é uma experiência que vale a pena, gratificante e potencialmente muito lucrativa. Afinal, os retornos de um portfólio de investimentos em startups podem atingir níveis impressionantes de médio a longo prazo, mas, para garantir que você participe nesse sucesso como investidor, é essencial prestar atenção nos seus direitos ao negociar o investimento.
Seguem abaixo três direitos essenciais que você, como investidor em startups, não deveria abrir mão sob nenhuma circunstância.
Direito de preferência pro-rata: Proteja seu investimento
O direito de preferência pro-rata garante que você, como investidor, mantenha o nível da sua participação na empresa em que investiu. Basicamente, diz que você não será diluído pela entrada de novos investidores em rodadas futuras de investimento, desde que você aporte mais dinheiro segundo o valuation da nova rodada.
Qualquer startup que acaba se transformando em uma empresa enorme tem que passar por várias rodadas de investimento ao longo dos anos, é natural e essencial. O que você quer assegurar como investidor é que, se a empresa – seu investimento – está andando bem, você terá o direito de manter seu nível de participação nesse sucesso.
Vamos dizer que você compre 1% da Startup ABC por R$ 40 mil em uma rodada seed com um valuation de R$ 4 milhões. Após um ano de sucesso e crescimento, a empresa volta ao mercado para pedir mais R$ 1 milhão de investimento em troca de 12,5%, um novo valuation de R$ 8 milhões (R$1.000.000 ÷ 0,125 = R$ 8.000.000). Se você assegurou seu direito de preferência na primeira rodada, agora você pode comprar até 1% dessa nova rodada antes de qualquer novo investidor interessado em entrar. Para fazê-lo terá que aportar mais R$ 10 mil (1% do valor total da rodada de R$ 1m), mantendo sua participação em 1% da empresa.
O direito de preferência não é oferecido em todo investimento seed mas é essencial para o investidor, protegendo melhor seus ganhos potenciais (“upside”) e também contra algumas práticas antiéticas.
Direito de Venda Conjunta (Tag-Along): Proteja sua saída
O seu direito de Venda Conjunta (tag-along right) garante que você consiga vender sua parte da empresa investida se, e quando, quem possuir a maioria da empresa vender a participação dele(s).
Se a startup em que você investiu tiver sucesso, ela não vai ficar como startup por muito tempo, se tornará uma empresa em crescimento (growth company), e, depois, vai continuar se desenvolvendo e aumentando cada vez mais o seu porte. Com o sucesso vem maior visibilidade e, em algum momento, é provável que alguém vá se interessar em comprar o controle da empresa.
O comprador geralmente é uma empresa maior ou um fundo de capital de risco e é a possibilidade da famosa “saída”, um evento lucrativo que faz com que investir em startups seja uma atividade tão interessante. Nesse caso, os sócios da empresa vão vender as suas participações e realizar um lucro substancial.
Obviamente você não quer ficar fora do negócio e é por isso que seu Direito de Venda Conjunta – tag-along – é tão importante. Ele diz que caso os controladores da empresa em que você investiu decidem vender a participação majoritária da empresa, consequentemente você também tem o direito de vender sua parte na mesma transação – pelo mesmo preço, os mesmos termos e, claro, para o mesmo comprador. É um direito importante porque, na maioria das vezes, os executivos que controlam a empresa têm melhores condições – mais facilidade e capacidade – de encontrar um comprador e negociar a venda de suas participações. O tag-along right dá ao investidor mais liquidez como um acionista minoritário.
Com um portfólio de startups, sua remuneração virá, não de pagamentos de juros, mas sim dessas saídas das empresas de sua carteira. Por isso, é essencial que você, como investidor, sempre assegure o direito de participar no evento de liquidez mais importante da vida de uma startup do seu portfólio.
Direito às Informações: Saiba o que está acontecendo com seu dinheiro
Esse direito não tem mistério, o direito às informações básicas sobre a performance da empresa investida é algo que deve ser padrão, porém, por incrível que pareça, esse direito não é oferecido para todo investidor em rodadas seed. É importante prestar atenção nesse detalhe e garantir que a empresa em que você investe tem uma obrigação de fornecer a você informações básicas de performance, no mínimo a cada 6 meses.
Geralmente empresas startups tem operações enxutas com equipes relativamente pequenas e, por isso, esses relatórios não são muito elaborados e nem deveriam ser, afinal você não quer sobrecarregar a equipe da empresa com burocracia desnecessária quando eles deveriam estar focando no crescimento do negócio.
É essencial que a empresa saiba preparar esses relatórios com competência e que ela se importe em manter os seus investidores atualizados e informados. Esse compromisso é o inicio das boas práticas de governança corporativa que toda empresa de sucesso passa a desenvolver. E, afinal das contas, você como investidor, que arriscou seu capital, tem o direito de saber o que está acontecendo com seu investimento.
Conclusão: Aprenda fazendo
Como qualquer outra coisa na vida, a única maneira de realmente aprender algo é por fazê-lo. Anteriormente, começar a investir em startups foi uma atividade limitada a um grupo relativamente pequeno de pessoas. Contudo, com o surgimento de plataformas de equity crowdfunding, como a EqSeed, que oferece oportunidades de investimento anjo por meio de oferta pública, você pode começar a construir o seu próprio portfólio de startups com muita facilidade
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Investi numa start up – 50k , e o fundador / CEO NUNCA fez um relatorio para os investidor anjo e quando questionei por email, falou que não tem tempo de passar informações pois não tem ninguem na area Financeira e esta focado na operação. Como devo proceder ?
Olá Renata, tudo bem?
Agradecemos seu comentário!
Primeiro é importante entender o que o seu contrato de investimento dispõe sobre isso. Tendo essa obrigação de envio de relatório aos investidores, pode ter havido descumprimento do contrato. No caso das empresas investidas via EqSeed, o contrato deixa claro que deve haver a disponibilização de um relatório para os investidores a cada três meses.
Um abraço!
Boa noite. Gostaria de saber se tenho o direito a receber informações da startup sobre o fluxo financeiro entrada de saída de recursos isso quando estou participando de um EMPREENDEDORISMO no modelo crowdfunding. Pois estou em uma e a mesma já existe a 2 anos e nada de balancete. Isso é normal??? Obrigado pela atenção.
Olá Oséias! Seriam necessárias mais informações para avaliar isso profundamente. O ideal é que você procure um contador especializado no assunto para se informar melhor.
Abraços!
Caso o investidor tenha o direito de preferência pro-rata, e a empresa faça novas captações sem informar o investidor, qual seria a penalização para isso? Existe alguma? Tendo em vista que no contrato do investidor lhe garante esse direito de preferência.
Olá Alexandre!
Nosso contrato não prevê uma penalização para essa situação. Portanto, segue o código civil.
Há um erro de cálculo no primeiro item, pois seria 1% do valuation de 8 MR$, e não do aporte de 1 MR$, ou seja, deveria aportar 40 mil R$ ( 80 mil menos 40 mil aportados inicialmente), e não 10 mil R$. Isto se o valor % de participação do investidor for diluível, o que não acontece em todos os casos, pois o principal ganho do investidor é justamente a valorização de sua participação….
Olá Kaue, tudo bem?
Interessante o seu comentário. Permita-me explicar o cálculo do direito de preferência.
No nosso exemplo, o investidor comprou 1% da Startup ABC na rodada seed.
A empresa então vai ao mercado captar mais R$ 1 milhão em troca de 12,5% de participação societária.
Isso cria duas possibilidades:
OPÇÃO 1: se o investidor não exercer o direito de preferência dele (não aportar na nova rodada), com o aumento de capital da empresa, o 1% dele será diluído para 0,8750%.
Isso porque, a empresa cria novas ações para entregar aos novos investidores e como você não adquire mais ações, ou seja, fica com o mesmo número, como o total de ações aumentou, você tem uma participação reduzida em termos percentuais.
OPÇÃO 2: Para evitar a diluição, o investidor terá que acompanhar essa nova rodada, comprando o equivalente a 1% (sua participação na empresa) do novo aumento de capital.
Por isso, ele terá que aportar 1% do valor da nova rodada, ou seja, mais R$ 10 mil, para evitar a diluição e manter sua participação original de 1%.
Para ler mais sobre esse tópico e aprofundar na questão da diluição, recomendo a leitura do nosso blog post: Diluição de investimento: por que não é um bicho de sete cabeças.
Espero que tenha ficado claro.
Um abraço,
Anthony Mc Courtney
Relações com Investidores