Conteúdo reproduzido parcialmente. Leia na íntegra no Financial Times (em inglês)

Federico Vega relembra que um dia sentiu-se tentado a desistir de sua startup brasileira de tecnologia, a CargoX, uma espécie de Uber para caminhões. Enquanto buscava capital semente em São Paulo, um investidor local disse com raiva ao empreendedor argentino para esquecer a ideia. A indústria de caminhões do Brasil, segundo o investidor, era um dos setores mais complexos em um dos países mais complexos do mundo, sofrendo com a criminalidade, a burocracia e a informalidade. Não era lugar para um recém-chegado, muito menos um estrangeiro.

“Esse foi o único dia em que quase parei”, diz Vega. “Eu pensei que não iria levantar nenhum dinheiro.”

Mas as coisas mudaram. Mesmo com a economia do Brasil lutando para sair da recessão, e com a incerteza política crescente antes das eleições de outubro, a CargoX e outras empresas brasileiras estão levantando quantias recorde de fundos.

Investimentos em capital de risco na América Latina superaram US $ 1 bilhão pela primeira vez no ano passado, o dobro do valor comprometido um ano antes, de acordo com a Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital, ou Lavca. Os investidores estrangeiros participaram de 61% das rodadas de investimentos, de acordo com um relatório da CB Insights.

O Brasil produziu neste ano de 2017 dois dos chamados unicórnios, empresas privadas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão: o Nubank, o maior negócio de tecnologia financeira do país, e a 99, aplicativo adquirido pela empresa chinesa Didi Chuxing.

“Os investidores institucionais que tradicionalmente não olham para o capital de risco, ou para os quais a tecnologia não é uma área de foco, estão realmente interessados ​​em capital de risco e acordos de tecnologia agora”, disse Cate Ambrose, presidente e diretor executivo da Lavca.

Conhecida por seus altos custos e burocracia, a economia do Brasil é dominada por empresas tradicionais em áreas como serviços bancários, transporte e saúde, tornando-se um alvo atraente para a criação de tecnologia ágil, segundo investidores.