Sempre que uma empresa quer captar recursos, ela precisa realizar uma avaliação pré e pós-financiamento com seus investidores. Ela consiste em avaliar o valor da empresa antes e depois do aporte financeiro, para que os investidores tenham uma ideia da propriedade do negócio e de seu potencial de escalabilidade.

Durante a captação de recursos em uma rodada de investimento, as empresas estabelecem alguns benchmarks para avaliar o progresso da startup e derivar um valor para o negócio.

Quando esses indicadores de desempenho não são cumpridos, pode-se resultar em um down round, que implica na baixa da avaliação da empresa e na venda de ações e/ou ações por um valor mais baixo. Entenda como isso funciona e como evitar que aconteça na sua startup.

O que significa down round?

O termo em inglês down round, significa em português “rodada para baixo”. Ele é utilizado para se referir a um cenário em que o valor de uma startup em uma rodada de investimento está abaixo do que em uma rodada anterior.

Dessa forma, significa que o valuation de uma empresa é menor quando comparado a um período anterior ou a uma rodada anterior de investimento. O resultado disso é que os investidores conseguem comprar ações do negócio a um preço inferior em comparação com os investidores anteriores.

Isso pode acontecer por diversas razões, tais como: o aumento da concorrência no mercado, momentos de recessão econômica, queda no mercado de ações ou ainda a percepção equivocada do valor do negócio por parte dos investidores.

É durante uma down round que se identifica a necessidade de uma startup de obter mais capital do que o previsto. O resultado disso é uma desvalorização e venda do capital social ou ações por um valor menor.

Quem é afetado em um caso de down round?

Um down round pode afetar de diversas formas as startups, os investidores e as demais partes interessadas — considerando as razões que levaram à redução do valor das ações: se foi devido às questões internas da startup ou do contexto do mercado.

O down round pode afetar a capacidade das startups de conduzirem novas rodadas de captação de recursos, além de impactar suas chances de atração e retenção de talentos. Quanto aos investidores que investiram na startup em rodadas anteriores, podem sofrer eventuais diluições, além de precisarem ajustar as projeções realizadas pelos fundos de venture capital.

Além disso, investidores beneficiários de programas de incentivo de longo prazo também podem ser afetados, uma vez que a redução do valor por ação da startup pode acabar reduzindo a participação acionária que esses beneficiários receberiam no futuro.

Quais as principais consequências de um down round?

Como vimos, um down round pode afetar as startups e as demais pessoas envolvidas. Isso porque a evolução de um negócio costuma ser acompanhada pelo crescimento do seu valuation, ou seja, pelo aumento da sua avaliação no mercado.

Com um bom valuation, a startup consegue aumentar o valor de suas ações. Em compensação, uma rodada de baixo pode fazer com que os investidores avaliem o negócio em um valor menor, resultando na queda do valor das ações de uma startup.

Entre as principais consequências de um down round está o acionamento da proteção antidiluição. Ela é utilizada para garantir que, quando as ações forem vendidas a um preço inferior ao pago por um investidor, elas sejam menos diluídas do que as outras partes.

Além disso, outra consequência do down round é a desvalorização da empresa diante do mercado e dos investidores. Isso porque uma rodada de baixo pode implicar na perda da credibilidade da startup, pois sua imagem fica prejudicada, podendo transmitir problemas na gestão e administração do negócio.

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Mas, é importante lembrar, que, uma vez que falamos em investir em startups, estamos falando de um investimento de risco. Dessa forma, em casos de down round, existem mecanismos contratuais que podem proteger os investimentos contra uma eventual desvalorização das ações adquiridas, como uma cláusula contratual antidiluição, por exemplo.

O que fazer para evitar um down round

Antes de mais nada, é importante não perder o controle no caso de um down round. Isso porque diversas empresas já passaram por situações semelhantes e, muitas delas, até mesmo cresceram ou foram criadas a partir de um cenário de instabilidade. Acredite se quiser: até empresas como Airbnb, Uber e Facebook, já tiveram que fazer um down round em momentos de crise.

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Por isso, é importante manter o equilíbrio e buscar formas de contornar essa situação para se recuperar. Confira a seguir algumas dicas para evitar o down round ou lidar com ele caso aconteça:

  • Aposte em um bom planejamento e uma gestão de caixa eficaz, pois isso colabora para que a startup possa cumprir suas metas de crescimento. Além disso, também contribui para elaborar estratégias de captação de recursos e ajuda a identificar custos desnecessários que podem ser cortados.
  • Tenha metas realistas alcançáveis de crescimento e desempenho, pois isso ajuda a evitar uma queda na avaliação da startup. É fundamental que os objetivos e metas traçadas pela startup estejam alinhados com a capacidade de crescimento da empresa e de geração de receita.
  • Estabeleça uma comunicação clara e efetiva com os investidores, pois isso é fundamental para fortalecer a confiança e o interesse deles na sua empresa. Para essa relação de transparência, disponibilize relatórios e atualizações regulares sobre o desempenho da startup e sua estratégia de crescimento.
  • Diversifique as fontes de captação da sua empresa, pois isso ajuda a reduzir o risco de depender de uma única fonte de financiamento. Você pode buscar investidores anjo, crowdfunding, entre outras opções de financiamento.
  • Se a crise financeira for apenas temporária, você pode apostar em um financiamento ponte sob a forma de uma nota conversível, como uma solução emergencial para retomar o controle financeiro da empresa e estabilizar a situação.
  • Outra opção, é renegociar os termos da rodada com os investidores, podendo oferecer, por exemplo, uma proteção antidiluição ou outras vantagens para os investidores.

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Ainda que você tenha uma boa gestão na sua startup, pode acontecer de surgirem problemas externos que levem a sua empresa a precisar recorrer ao down round. Se isso acontecer, preste atenção em perguntas como: este problema é temporário? A liderança da empresa acredita que ela pode encontrar uma solução? 

Um down round, apesar de ser um grande desafio, não significa o fim de uma empresa.

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