As Agtechs são startups no setor do agronegócio e estão revolucionando o mercado

Segundo estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no ano de 2017, a agricultura utilizou 37% da área terrestre global para produção de alimentos. Apenas 20 países são responsáveis por mais de 70% do uso total da terra arável mundial (principalmente para produção de cereais e soja). Dentre estes países, o grupo formado por Índia, Estados Unidos, Rússia, China e Brasil é responsável por 40% deste uso. Daí o surgimento das Agtechs como solucionadoras do aumento da produtividade por área plantada.

Respeitando-se os princípios do crescimento sustentável, o aumento da produção de alimentos deverá ser resultado de um modelo de produção mais eficiente, em detrimento da expansão desequilibrada de áreas desmatadas para servir ao agronegócio.

Grandes empresas têm procurado Agtechs para solucionar estes desafios de produção para ganhos de escala e aumento de produtividade. O ecossistema tem ficado mais rico com participantes relevantes como a Raízen, por exemplo. A empresa criou o Pulse, unindo universidades, investidores executivos e startups em um Hub de inovação que hospeda e contribui para o crescimento de startups que atuam no agronegócio.

 

Panorama das Agtechs

No ano passado, segundo o Radar AgTech Brasil, eram 196 Agtechs antes da porteira; 397 dentro da porteira e 592 depois das fazendas. Em 2019, segundo o estudo, eram 196 Agtechs antes da porteira; 397 dentro da porteira e 592 depois das fazendas.

Dados do Banco Mundial mostram que em 2019, cerca de 30 mil Agtechs receberam US$ 20 bilhões em investimentos. Os aportes foram maiores que o PIB de 75 países. Em 2019, o Brasil foi o 12° principal destino de investimentos em Agtechs. Isso representa mais de 200 milhões de dólares, aproximadamente 150% de crescimento se comparado com 2018. Hoje no país, temos mais de 1.125 startups focadas no agronegócio, em todas as fases da cadeia produtiva.

Relatório realizado em 2019 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em conjunto com o fundo SP Ventures (Radar Agtech Brasil 2019 – Mapeamento das startups do setor Agro Brasileiro), aponta que a adoção de novas tecnologias e inovações aparece como opção importante e viável para o enfrentamento dos desafios futuros, como o crescimento da população e as mudanças climáticas, e como forma de aproveitamento de oportunidades que venham a surgir no setor. O relatório ressalta ainda que a adoção de novas tecnologias é um caminho que vem se intensificando para:

  • Mitigar perdas,
  • Reduzir resíduos derivados da atividade
  • Aumentar a produtividade de forma ambiental, social e economicamente sustentável.

Este relatório mostra ainda a distribuição de Agtechs no Brasil:

numero de agtechs no brasil

 

O relatório divide as startups em 3 grupos:

  • Antes da Fazenda: refere-se à cadeia diversificada e integrada de pesquisa e desenvolvimento (P&D), produção e distribuição de equipamentos agrícolas, insumos e demais produtos e serviços;
  • Dentro da Fazenda: são atividades agrícolas, do plantio à colheita, assim como as atividades de pecuária, que são suportadas por uma larga rede de empresas de tecnologia dedicadas a trazer maiores níveis de eficiência e produtividade ao campo;
  • Depois da Fazenda: refere-se às companhias que estão dedicadas desde a logística da produção até a distribuição ao consumidor final.

Os setores mais desenvolvidos deste ecossistema atualmente são:

  • Insumos agrícolas e controle de pestes;
  • Cultivo de árvores;
  • Gestão de animais;
  • Gestão de negócios;
  • Cultivo ecológico e disruptivo;
  • Mercados;
  • Agricultura de precisão e análise de dados;
  • Robótica e drones.

 

Lista de Startups que estão inovando no setor Agro

O lista das 100 Startups to Watch é atualmente um dos melhores lugares para conferir quais Startups estão chamando a atenção do mercado. A iniciativa é fruto de uma parceria realizada entre a PEGN, Época Negócios, EloGroup e Corp.vc.

Baseada em uma rigorosa metodologia de análise de dados e amplo conhecimento de mercado, anualmente mais de 50 especialistas de mercado se reúnem para avaliar milhares de startups. A seleção tem como objetivo promover conexões no ecossistema empreendedor e apontar as startups mais promissoras do país.

Nessa lista, as categorias são separadas por setor no qual a Startup atua. Sendo assim, separamos abaixo o link das últimas edições para que possa analisar as Agtechs que estão revolucionando o mercado de agronegócio nos últimos anos:

ps: A EqSeed foi listada para esse ano de 2020 como uma das startups mais promissoras na categoria finanças.

 

Projeções da tecnologia no Campo

De acordo com o Radar Agtech 2019, consultores americanos estimam um crescimento de 82,8% da agricultura de precisão mercado até 2025. Segundo os analistas, o setor já movimenta anualmente US$ 7 bilhões, e em cinco anos deve chegar a US$ 12,8 bilhões, com crescimento médio de 12,7% por período.

No mesmo estudo, é apontado que o Brasil é um dos principais mercados de AgTech no mundo, juntamente com Estados Unidos, China e Índia. Tendo em vista a grande representatividade e potencialidade do setor agropecuário brasileiro, considera-se que o mercado de soluções tecnológicas para o agronegócio é muito promissor, ao longo de todas as etapas da cadeia.

Outro aspecto interessante é que as especificidades do território brasileiro em termos de sua produção agropecuária elevam as barreiras de entrada de novos players internacionais, dado que qualquer entrante teria de se adaptar aos métodos, aos processos e à legislação para se adequar às condições do mercado brasileiro.

 

Agricultura de precisão, a Fazenda 4.0

Das inovações acima, a que mais se destaca é a agricultura de precisão, ou popularmente conhecida como Fazenda 4.0. Com ela, é possível ter um sistema que administre as informações do campo e, a partir de análise e cruzamento de informações sobre o clima e o solo, determinar o manejo mais adequado para cada centímetro da lavoura. Com isso, a produtividade e eficiência aumentam e os custos de produção e a contaminação do solo diminuem. A agricultura se torna mais eficiente e guiada a dados, o que gera maior transparência, resiliência ao clima e sustentabilidade tanto do plantio quanto do negócio.

Na prática, a agricultura de precisão está sendo muito utilizada em determinados produtos, como: soja, milho, café, feijão e cana. Os benefícios são muitos, entre eles: menor desperdício de insumos e matéria-prima; produtividade maximizada em cada local; agressão ao solo e ao meio ambiente reduzida; segurança na tomada de decisão e visualização detalhada da propriedade.

Gostou desse artigo? Saiba mais quais são as projeções para o agronegócio no Brasil.

projeçoes do agronegocio no brasil