PagSeguro compra controle da Fintech Biva no valuation de R$ 22 milhões
Em menos de 3 anos, a Biva, fintech brasileira de P2P lending, conseguiu crescer de uma startup enxuta para uma empresa com valuation de R$ 22 milhões.
Dois anos e meio após ser fundada em maio de 2015, a gigante PagSeguro adquiriu 50,5% da Biva por mais de R$ 11 milhões em dezembro do ano passado.
Mas como é possível um crescimento tão impressionante em tão pouco tempo?
Esse crescimento acelerado é apenas possível para startups escaláveis atuando em mercados enormes com modelos disruptivos, como no caso das fintechs como a Biva.
Hoje vamos entender melhor a história dessa fintech brasileira que representa um dos maiores e mais recentes casos de sucesso de startups brasileiras.
Acompanhe.
De startup enxuta para valuation de R$ 22 milhões em 2,5 anos
A ideia para a Biva começou em 2015, fruto das pesquisas intensas do seu fundador, Jorge Vargas Neto, quando ele completou sua tese de mestrado.
O Jorge ficou interessado no mercado de fintechs e como essas empresas conseguiam resolver problemas compartilhados por muitos.
Com isso, ele começou a focar na falta de acesso a crédito enfrentado por micro e pequenos negócios brasileiros.
Identificou 3 principais problemas que empreendedores que buscam crédito enfrentam:
- Altas taxas de juros,
- Forte burocracia, e
- Baixa qualidade dos produtos.
Imaginou uma solução de uma plataforma tecnológica, com as operações atuando 100% dentro do sistema financeiro nacional, utilizando ferramentas rebuscadas para inovar o mercado financeiro brasileiro, e resolver esses problemas.
Faltava pouco para decidir utilizar o modelo de “Peer-to-Peer Lending” – empréstimo ponta a ponta.
Como funciona P2P Lending?
Com P2P Lending, empréstimos são concedidos por pessoas físicas cadastradas na plataforma, ao empreendedor. A plataforma (Biva, no caso) fica no meio dos dois, facilitando a transação e cobrando uma porcentagem.
O modelo é inovador pois os empreendedores recebem um empréstimo com juros muito abaixo do que conseguiriam por um banco tradicional, enquanto os investidores recebem uma taxa de retorno acima da renda fixa.
E não é só isso:
O modelo é muito interessante para o investidor pois é um marketplace – o que é extremamente escalável.
Após muito trabalho, Jorge recebeu aprovação do Banco Central para implementar seu modelo em maio de 2015, e a Biva nasceu oficialmente.
No seu primeiro ano, mesmo em meio a uma grande crise econômica, a Biva teve mais de R$ 100 milhões em solicitações de empréstimo, mais de 5.000 investidores cadastrados, mais de 300 empresas financiadas e mais de 15% de crescimento ao mês.
Em 2016, a crise finalmente alcançou a empresa, causando dificuldades, mas os empreendedores não abaixaram a cabeça.
Muito pelo contrário:
Os empreendedores da Biva arregaçaram as mangas e focaram esforços na reestruturação dos produtos e modelos de crédito, incluindo a possibilidade de negociação com inadimplentes.
Atualmente, a empresa conta com uma base de mais de 10.000 investidores cadastrados, mais de 1.150 empreendedores financiados e mais de R$ 47 milhões em empréstimos concedidos, com o valor dos empréstimos variando entre R$ 5.000 e R$ 50.000.
Várias rodadas de investimento para escalar rápido
Como toda startup de sucesso, a Biva realizou várias rodadas de investimento para abastecer seu crescimento acelerado.
Para poder desenvolver a plataforma e iniciar as operações, a startup contou com o investimento de R$ 150.000.
Em seguida no mesmo ano de operação, recebeu também R$ 250.000 através de um investimento anjo, feito pelo fundador e CEO da Nubank, David Vélez.
Posteriormente, mas ainda no primeiro ano, receberam aportes de dois grandes fundos de investimento em startups: A Kaszek Ventures e a Vox Capita, totalizando por volta de R$ 1,400.000.
E não parou por aí:
Em 2016 o negócio recebeu mais um investimento no valor de R$ 5 milhões, do fundo suíço Mipey Ventures.
Os valores investidos podem parecer altos, dado a etapa em que ela estava. Contudo, o caminho da Biva não é fora do normal para uma startup modelo escalável e diruptiva atuando em um mercado de enorme potencial:
O prêmio para quem consegue crescer rápido e conquistar uma parte significativo desse mercado enorme é bem grande – e para crescer rápido, a empresa precisa de investimento.
Startup Exit: PagSeguro compra controle da Biva
Em outubro de 2017 a Biva foi comprada pela empresa de meios de pagamento PagSeguro, pertencente ao grupo Internet Universo Online (UOL).
A PagSeguro pagou R$ 11 milhões em troca de 50,5% da Biva, ou seja, um valuation aproximado de R$ 22 milhões.
Sim: de R$ 0 a R$ 22 milhões em menos de 3 anos.
No momento da aquisição, a Biva contava com uma base de mais de 10.000 investidores cadastrados, mais de 1.100 empreendedores financiados e mais de R$ 35 milhões em empréstimos concedidos.
Analisando o mercado de P2P no Brasil, podemos estimar que a empresa tinha faturado na faixa de R$ 1 milhão antes de ser adquirida, aproximadamente 3% dos valores investidos pela plataforma.
Como assim?
Uma empresa com faturamento de R$ 1 milhão tem valuation de R$ 22 milhões?
Pois é.
Esse múltiplo de 20-22x vezes seu faturamento pode parecer muito alto, mas é de fato alinhado com os múltiplos observados nesse setor extremamente “quente” e altamente procurado por investidores tantos nacionais quantos internacionais.
Startup Exit gera retornos impressionantes para investidores iniciais
Conseguindo atingir um valuation de R$ 22 milhões em apenas 2,5 anos é uma grande conquista para qualquer startup.
E o que significa para os investidores iniciais?
Se imaginarmos que o David Vélez recebeu 15% de equity da Biva em troca por seus R$ 250.000 em 2015, seria razoável assumir que ele teria quase 10% da empresa no momento que o controle da Biva foi adquirida pelo PagSeguro 2 anos depois.
“Por que a diferença?”, você talvez pergunte.
Assumimos que o David decidiu não exercer seu direito de preferencia nas rodadas subsequentes de investimento.
Assim, com esses números, ele teria recebido R$ 2.200.000 pela sua participação societária da Biva no momento da compra pelo PagSeguro – um retorno de 8,8 vezes em apenas 2 anos, equivale a 197% ao ano.
Qual outro tipo de investimento oferece esse potencial de retornos?
Conclusão
O caso da Biva é mais um exemplo de caso de sucesso de uma startup que traçou uma trajetória até o momento de ser adquirida por uma empresa de porte maior.
Ela mostra bem uma das maneiras como ter retorno ao investir em startups e por que muitos investidores tem interesse em investir em startups.
É sempre válido lembrar que para atingir os melhores resultados ao investir em startups, é importante aplicar a estratégia certa.
Aplicando uma estratégia de diversificação e escolhendo de startups pré-filtradas para seu portfólio, você pode se posicionar bem para atingir retornos significativos com sua carteira de startups.
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