A carona corporativa tem potencial para alterar a configuração do trânsito das grandes cidades. Entenda como as startups do setor estão mudando a área empresarial e se tornaram ótimos investimentos

Por ano, os brasileiros das grandes cidades passam 40 dias “presos” no trânsito. Pode parecer muito, mas o mais assustador é que a situação tem se agravado.

Em São Paulo, por exemplo, os moradores da capital gastavam por dia 2h43 em congestionamentos em 2018, segundo a pesquisas sobre mobilidade urbana. Para se ter uma ideia, em 2009, o tempo parado no trânsito era de 1h57.

Um desafio desse porte precisa ser enfrentado em diversas frentes. Uma das iniciativas que tem contribuído para tornar melhor a mobilidade nas grandes cidades são os apps de carona corporativa.

Como o nome já deixa claro, trata-se de um serviço em que empresas firmam parceria com startups que, em troca, oferecem às companhias a possibilidade da criação de uma rede de caronas casa-trabalho-casa entre os funcionários.

Se duas pessoas moram próximas uma da outra, ou se no caminho de um colaborador até a empresa mora um funcionário que faz parte da rede, por que as duas pessoas – ou mais – não compartilham o mesmo veículo?

Ganha a empresa, funcionários, o trânsito e o meio ambiente.

Concorda?

Para entender melhor o setor das carona corporativas, confira a nossa análise sobre o mercado internacional, o cenário no Brasil e como você pode aproveitar o setor para adquirir participação numa empresa e rentabilizar com o seu investimento.

O potencial de startups que estão ajudando a desenvolver esse mercado é bilionário.

Aproveite a leitura!

Carona Corporativa: como funciona

Falamos rapidamente sobre o tema na introdução, mas, antes de mais nada, é importante entender a operação do mercado.

Os apps de caronas corporativas funcionam como uma rede em que é possível conectar os colaboradores para melhorar a mobilidade.

Os usuários potenciais desse serviço são pessoas que costumam usar o próprio carro para ir ao trabalho diariamente. A ideia é que ele possa trocar o próprio carro pela carona, caso more próximo ou no caminho de algum colaborador.

Nas companhias em que isso já existe, os apps de carona compartilhada costumam cobrar mensalidades das empresas de acordo com o número de funcionários ou de unidades atendidas. Ou seja, para os colaboradores a participação é gratuita.

Além da rede que se cria entre os funcionários de uma empresa, há a possibilidade de dar carona para outros colaboradores de companhias que também fazem parte da plataforma.

Isto é, na prática, se um funcionário mora próximo a outro, mesmo que não trabalhem juntos, existe a possibilidade de uma pessoa ir no carro de outra.

E o que o motorista ganha com isso?

Como recompensa a quem oferece carona, muitas vezes existe um processo de gamificação. Ou seja, o motorista recebe pontos que podem ser usados, por exemplo, como milhas para comprar passagens aéreas.

No caso das empresas,  ao adotar o sistema, os impactos podem ser enormes:

  • A companhia ajuda a fortalecer o networking entre funcionários;
  • Melhora a relação de colaboradores com funcionários de outros setores da empresa;
  • Economia até 20% de gastos com estacionamento e combustível, no caso das empresas que oferecem o benefício aos seus funcionários;
  • Contribui para redução de emissão de poluentes;
  • Ajuda na redução de tráfego urbano.

Panorama internacional

O mercado de carona corporativa está dentro do setor de ridesharing (compartilhamento de corrida, numa tradução livre). Na prática, é considerado tão revolucionário e com capacidade de alterar comportamentos quanto apps como Uber, 99 Táxis e Lyft (que opera apenas nos EUA).

De acordo com a consultoria Grand View Research (GVR), até 2025, o mercado de ridesharing vai valer cerca de US$ 12 bilhões.

O que explica esse crescimento, segundo um estudo pela GVR:

– O crescimento das caronas corporativas;

– Expansão de apps de mobilidade tanto para curtas quanto para longas distâncias;

– Maior preocupação da população com as questões ambientais;

– Adoção em massa de usuário em países populosos como Brasil, China, Estados Unidos, México e Índia.

 

Carona corporativa: quem se destaca no mercado global

Um dos melhores exemplos para entender o potencial das caronas corporativas vem do mercado americano.

Por lá, a startup Scoop, fundada em janeiro de 2015, se tornou uma gigante no segmento de caronas corporativas.

Segundo dados da startup, a empresa tem 100 mil usuários cadastrados e já realizou 2 milhões de viagens.

Com números tão expressivos e capacidade de escalar, não demorou para chamar a atenção dos investidores. Até agora, a startup já recebeu US$ 36 milhões em investimentos.

Mas já há, inclusive, movimento de compras de startup do tipo. A Bosch, por exemplo, comprou, no início do ano de 2018, a startup Splt. Agora, a multinacional alemã está testando a solução de carona entre seus empregados no mundo todo.

Segundo os executivos da Bosch, a economia de custos para a companhia foi tão grande que o Splt está sendo trabalhando como um produto independente. Ou seja, em breve, a Bosch vai vender o serviço no mercado.

No caso da Bosch, é bom lembrar, os sócios-investidores da Splt foram recompensados com a venda do equity.

O potencial da carona corporativa no mercado brasileiro

Alguns número refletem um pouco do problema – e também para onde caminharia a solução – do trânsito pesado nas grandes cidades brasileiras.

Segundo dados do mercado, por causa do trânsito, as empresas perdem R$ 290 bilhões em produtividade anualmente, já que os colaboradores, que poderiam estar trabalhando, estão no trânsito.

Em parte, o problema se agrava porque pensamos o transporte como algo individual: em 62% das viagens, por exemplo, o carro leva apenas o motorista. Para piorar a questão, estima-se que metade dos automóveis no horário de pico estão na rua fazendo o trajeto casa-trabalho-casa.

Em outras palavras, as longas filas de carros que vemos no início da manhã e no final da tarde são provocadas por motoristas indo e voltando do serviço.

Isso indica que, se as peças desse quebra-cabeça do trânsito urbano estivessem encaixadas de outra maneira, o trânsito poderia estar melhor. Importante: sem obras faraônicas ou qualquer gasto público.

Como?

Compartilhamento de carros, por exemplo, é uma solução. Dentro deste mercado, está justamente a carona corporativa.

O Bradesco, por exemplo, tem 3 mil funcionários no sistema de carona corporativas. Dados da empresa apontam que, em cinco meses de utilização, motoristas deixaram de percorrer 300 mil quilômetros em carros particulares, em 35 mil caronas realizadas. Ainda foram contabilizadas 51 toneladas de CO² a menos lançado na atmosfera.

O impacto pode ser maior ainda se colocarmos na conta as pequenas e médias empresas.

De acordo com analistas de mercado, no Brasil, há mais de 30 mil empresas com mais de 250 funcionários. Ou seja, apenas neste universo estamos falando de até 7,5 milhões de pessoas que poderiam compartilhar caronas com colegas de trabalho.

Resultado esperado: menos pessoas com o próprio carro na rua, menos trânsito.

Segundo dados do Banco Mundial, na América Latina, o mercado de carona corporativa é de R$ 1,4 bilhão por ano.

Tendências do mercado

Como há demandas urgentes para a soluções no trânsito – e menos impacto para o meio ambiente – as startups do setor estão muito valorizadas.

Afinal, a ideia de criar uma rede em que todos os lados (empresas, colaboradores, motoristas, sociedade) consigam ganhar é bastante atrativa.

E, assim como lá fora, já existem startups no Brasil atuando no setor das caronas corporativas.

Uma startup que entendeu esse potencial de mercado é o Bynd, fundado em 2015, que se oferece exatamente como uma plataforma de caronas corporativas.

O sistema desenvolvido pela empresa é o mesmo que mencionamos nos cases internacionais. Através do app, é possível encontrar colaboradores que façam um mesmo trajeto.

A viabilidade da plataforma é possível graças a um algoritmo que conecta usuários de forma automática de acordo com o caminho até o trabalho.

Investimentos no setor

Nos próximos anos, as estimativas são de amplo crescimento de plataformas como essa no Brasil. Para se ter uma ideia, o país hoje tem 13 capitais com mais de 1 milhão habitantes – e, consequentemente, problemas sérios de mobilidade.

Investir em soluções na área, é investir na resolução de um dos problemas mais graves da vida urbana.

De uma forma geral, muitas empresas e colaboradores ainda estão descobrindo os benefícios das caronas corporativas.

Ainda há espaço, por exemplo, para criar mais recompensas para quem oferece caronas a outros colaboradores. A tendência é que com a difusão de plataformas, a adoção das empresas e dos consumidores acelere.

Já investidores podem se beneficiar ao diversificar investimento, também apostando no mercado de startups.

O que está esperando para se tornar um investidor de startups?

O Bynd, por exemplo, é uma das startups que esteve com rodada aberta para captar investimentos pela EqSeed.

Acesse à página de rodadas abertas e confira as oportunidades!