A tecnologia está atrelada a grande parte das startups e das inovações que surgem no mundo atualmente. Portanto, não é uma grande surpresa que os investidores estejam em busca de soluções tech bem estruturadas para capitalizar. Nesse mercado, as opções mais atraentes costumam ser as SaaS — Software as a Service, ou “software como serviço”.

Esse modelo de negócio oferece programas ou aplicativos sem a necessidade de instalação, mas sim como meios de conseguir um serviço específico. Alguns exemplos famosos são as plataformas de streaming, como Netflix e Amazon Prime. Contudo, as possibilidades não param no entretenimento: já existem inúmeras empresas que funcionam como SaaS nos mais diversos segmentos. Desde ferramentas de marketing, serviços de pagamento e de assinatura eletrônica até HDs em nuvens como o Google Drive ou o Dropbox.

Entenda, a seguir, o que torna o SaaS um sucesso de público e um ativo tão atraente para investidores!

Quais são os benefícios do SaaS?

Considerando o âmbito digital, o SaaS é, de muitas maneiras, o modelo ideal de negócio. Ele permite uma escalabilidade enorme para o negócio sem aumento considerável de custos. 

Não há razão para acumular programas instalados em computadores quando tanto pode ser resolvido pelo celular ou pelos navegadores web. É como ter acesso a uma infinidade de roupas sem precisar de um guarda-roupa maior, por assim dizer.

Normalmente, esses serviços são pagos através de assinaturas. Os clientes costumam apreciar os preços reduzidos e a possibilidade de manter o serviço apenas pelo tempo que for necessário. Por isso, é muitas vezes escolhido ao invés de concorrentes que cobram por programas de forma integral, com um valor bem maior, mesmo que único. Com diversos planos oferecidos, um serviço SaaS pode atender uma gama de clientes bem diversificada.

Outra vantagem é a manutenção e aprimoramento do serviço sem atrapalhar a experiência do usuário. Diferente de softwares tradicionais, que precisam baixar e instalar atualizações, o SaaS se baseia apenas nos servidores da empresa e podem ser atualizados regularmente e automaticamente.

Como está o mercado de SaaS?

O sucesso do SaaS no mundo dos investimentos está ligado principalmente ao Venture Capital (VC), que é uma modalidade de investimento de risco. Isso porque é comum que startups nesse modelo tenham acesso limitado a crédito tradicional (ou nenhum acesso) no início das operações. Assim, elas podem precisar atuar com pouco ou nenhum lucro por algum tempo.

Por outro lado, essa realidade também faz com que a possibilidade de venda (exits) dessas startups seja maior, visto que empresas com o capital necessário podem dar tração ao negócio com facilidade. Ou seja, é um modelo que funciona e possui sua comprovação na prática, mas que necessita de injeção de capital. Quem possui os recursos encontra no SaaS um acordo de muita vantagem.

Agora aos números: é fato que o mercado SaaS está crescendo em alta velocidade. De acordo com a Forrester Research, o valor desse mercado aumentou mais que o dobro de 2014 para 2020, indo de aproximadamente US$60 bilhões para US$130 bilhões.

No Brasil, o ecossistema de startups já vivencia uma forte presença do modelo, que se encontra em 41% das empresas, segundo a Associação Brasileira de Startups. O número é apoiado por um dado muito relevante da pesquisa Brazil SaaS Landscape Research, de 2017, que mostra que 60% das startups SaaS alcançam R$1 milhão em faturamento recorrente anual. Outra informação do mesmo estudo é que, até então, 92% das empresas de forma geral adotavam ao menos uma solução SaaS. E a previsão era de ainda mais crescimento, o que parece ter se comprovado ao longo dos próximos anos.

No campo dos investimentos, a preferência pelo modelo está cada vez mais clara. Segundo a Distrito, 48% do volume total investido no ecossistema de inovação e tecnologia no Brasil, em 2021, foi destinado a negócios SaaS. De 2017 até o ano passado, o número de aportes únicos nessas startups cresceu 109,4%, em relação a empresas com outros modelos.

As aquisições e IPOs na área também andam muito bem. Nos Estados Unidos, o número de IPOs realizados por empresas sob o modelo SaaS foi de 16 em 2020 para 27 em 2021. Uma delas, a UiPath, movimentou US$1,34 bilhões na bolsa e chegou a um valuation de US$34 bilhões.

No Brasil, o melhor exemplo de aquisição está na RD Station, que vendeu 92% de seu capital para a TOTVS por R$1,86 bilhão. Vale mencionar que a TOTVS é uma das maiores empresas de tecnologia do País.

Quais são os atrativos do SaaS para investidores?

Em primeiro lugar, os pontos positivos para os clientes também contam como positivos para investidores, uma vez que eles significam maior aceitação pública e mais chances de crescimento.

Dito isso, o modelo de pagamento por assinatura (ou modelo de recorrência) é um diferencial que atrai muitos investidores de VC. Isso porque é conhecido, no mundo dos negócios, que os custos para conquistar novos clientes são sempre maiores do que os custos para retê-los, e a assinatura por si só já constitui uma retenção. Essa é uma máxima proferida pelo guru do marketing Philip Kotler, e os dados acompanham a declaração: segundo uma pesquisa da Harvard Business School, um aumento de 5% nas taxas de retenção aumenta os lucros de 25% a 95%.

Em outros modelos de negócio, alcançar a retenção demanda tremendo esforço, já que o produto ou serviço costuma ser vendido uma só vez. A relação com o cliente “termina” ali, e são necessárias várias estratégias para mantê-lo retornando. Não é o caso do SaaS, que já estabelece uma relação contínua desde o primeiro momento.

Em suma, investidores de Venture Capital enxergam no SaaS um padrão funcional e em franco crescimento ao redor do mundo, com um modelo de pagamento benéfico e boas chances de exits. Todos os pontos trazidos neste post já exemplificam, por si só, a razão de tamanha atração do VC por SaaS.