Telemedicina não é o futuro, mas o presente: entenda mais sobre o mercado de Saúde Digital.

No oitavo episódio do “Na Linha de Frente”, tivemos a participação do Michael Kapps, Founder e CEO da TNH Digital Health. Recentemente, Kapps foi reconhecido como um dos jovens líderes mais influentes do ano pela Fortune 40 Under 40. O assunto abordado no episódio foi a telemedicina.

Desde o conceito até os avanços tecnológicos que esse setor passou e ainda passa. Telemedicina conceitualmente é o uso de técnicas modernas de tecnologia da informação e telecomunicações para uso na área da saúde. Os primeiros usos de telemedicina no Brasil datam de 1994, com operações da empresa Telecardio. Os avanços foram muitos desde então. É um assunto muito discutido no Brasil atualmente, por causa da pandemia da COVID-19, que exigiu novas formas de limitar o contágio.

 

Panorama da Telemedicina no Brasil

Já existia desde 2002 algumas regulamentações sobre o uso da telemedicina. Elas aprovam, por exemplo, o paciente consultar resultados de exames de forma 100% online. No entanto, a tecnologia avançou muito e novas possibilidades de uso surgiram, como primeiro atendimento à distância, por exemplo. Em fevereiro de 2019, foi apresentada a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 2.227/18. Essa Resolução dispõe sobre um conjunto de aplicações na área da saúde. Entre eles: realizar consultas online, telecirurgias, telediagnóstico, telemonitoramento, teleducação e outros. Mas devido a críticas por parte de médicos e entidades, essa resolução foi rapidamente revogada.

Em 2020, no entanto, a COVID-19 se alastrou no mundo com uma velocidade alarmante e atingiu o status de pandemia. O vírus de rápido contágio causou uma crise sanitária, ocasionando a superlotação de leitos do sistema de saúde. Por isso, houve a necessidade de se pensar em tratar de pacientes de forma preliminar à distância. Dessa forma, casos suspeitos iriam para consultas e exames apenas em situações emergenciais. Assim, em março de 2020, o CFM publicou uma portaria autorizando a prática da telemedicina durante o período da pandemia.

A solução proposta era de que um primeiro atendimento para quem tivesse os sintomas da doença fosse realizado online. Dessa maneira, era possível evitar aumentar a exposição dos pacientes e da própria equipe médica. Neste cenário, os planos de saúde e prefeituras do Brasil buscaram soluções tecnológicas para realizar a triagem dos infectados. A demanda era por sistemas capazes de analisar dados de sintomas r verificar quem possui maior chance de estar contaminado.

Os teleatendimentos também foram liberados, para que os atendimentos primários pudessem ser feitos à distância. Através dos sintomas que os pacientes comunicam, o médico poderia recomendar o cuidado em casa ou determinar internação. Isso ajudou a evitar um colapso no sistema de saúde, eliminando parte significativa das filas. O objetivo central era diminuir os riscos de contágio e ter ações mais assertivas.

 

A saúde mental é igualmente importante

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A pandemia não impactou a discussão sobre teleatendimentos apenas para o tratamento da COVID-19. A saúde mental também entrou na pauta. Com o isolamento, os atendimentos de psicólogos e psiquiatras não poderiam parar e passaram a ser feitos à distância, utilizando chamadas de vídeo por aplicativos como WhatasApp. 

Além disso, de acordo com estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por conta do isolamento social, o número de casos de depressão no Brasil quase dobrou durante a pandemia. Casos de estresse e ansiedade aumentaram 80% durante o mesmo período. Por isso, é necessário não somente seguir os tratamentos como abranger novos pacientes.

Uma das soluções que já existem para massificar o atendimento de saúde mental é um programa de inteligência artificial. Ele simula um atendimento com um psicólogo. Esse uso da telemedicina para a saúde mental pode funcionar tanto para uma primeira consulta quanto para continuidade ao atendimento.

São várias as vantagens que a telemedicina pode trazer para esta área da saúde. Segundo pesquisa do Vittude, de 2019, cerca de 89% dos brasileiros sofrem de ansiedade ou depressão. No entanto, dados  do Instituto Market Analisys apontam que 46% dos brasileiros acreditam que ir ao psicólogo é um luxo reservado para elites. Esses dados mostram que: o brasileiro precisa de tratamento de saúde mental, mas acredita não ter condições para acessá-lo. Logo, uma das alternativas que podem resolver o problema são os chatbots para atendimento. As consultas são mais baratas, podem ser contratados planos para pessoa física e até mesmo por empresas que queiram fornecer tratamento aos funcionários, mas não consigam pagar planos presenciais para todos.

Esses chatbots são construídos por meio de interações sociais reais e tentam simular um atendimento profissional humano. Na prática, esses sistemas são construídos por programadores sob orientação de psicólogos, que apontam as respostas mais indicadas para os problemas dos pacientes. A ideia desse tipo de serviço é apresentar ao paciente os melhores tratamentos. Por exemplo, uma pessoa com insônia receberá instruções de como resolver esse problema. Assim como em uma consulta presencial, o psicólogo não vai levar uma cura à pessoa, mas apontar o melhor tratamento.

 

Telemedicina não é o futuro, mas o presente

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A telemedicina já provou ter muitas aplicações e a cada dia, uma nova ideia é apresentada ao público. Ela não veio para substituir o médico ou para dificultar o atendimento, mas para complementar um serviço que já existe. Em regiões de difícil acesso, com poucos médicos, ela pode ser fundamental. Exemplo disso é a Coreia do Sul, que usou a integração por GPS para mapear casos e combater a propagação da covid-19. Se bem usada, em um país como o Brasil, será importante para melhorar a saúde pública.

Mas diferente do que muitos pensam, atendimento à distância não reduz os custos automaticamente. Para que seja mais eficiente e, ao mesmo tempo, mais barato, é preciso um planejamento assertivo. Caso o paciente faça a consulta primária por telemedicina e mesmo assim insista na consulta física, por exemplo, os custos aumentam.

Para que funcione com pleno potencial, a telemedicina requer investimento nos sistemas de prontuário eletrônico, para que todas as informações estejam integradas. É preciso centralizar os dados para que histórico de doenças, tratamentos e todas as demais informações sobre a saúde estejam disponíveis. A transformação digital é fundamental para que isso funcione.

Para pessoas com doenças crônicas, a telemedicina pode ser muito útil, pois é uma forma de aumentar a constância dos atendimentos. Um paciente diabético pode passar as informações para o médico com mais agilidade, sem a necessidade de ter as consultas todas presenciais.

Gostou do post? Você pode ouvir a entrevista com Michael Kapps (Founder e CEO da TNH Digital Health) e outras entrevistas completas no podcast Na Linha de Frente clicando aqui.